Deus familiar

sexta-feira, maio 18, 2012 No Comments

Gn 4.1-7  Tive em minha família dois irmãos mais velhos que na infância e adolescência eram irmãos normais, já na fase adulta complicou seus relacionamentos.

Com o falecimento de meu pai a casa ficava desestabilizada somente com o comando de minha mãe que dirigia nossa família com muita dificuldade e muitos filhos, quatro mulheres e quatro homens, sendo eu caçula dos homens.

Diversas vezes eu presenciava meus irmãos mais velhos Fabio e Kleber discutindo em vós alta e se atacando com palavras de acusações, até finalmente se agredirem fisicamente. A discórdia entre meus irmãos era grande e em muitos casos por bobagens.

Por se tornar frequente as brigas em casa, um passou a ameaçar o outro de morte, aponto de um pegar uma faca para matar outro e até andarem armados! As vezes a palavra “Eu vou te matar” era mais frequente do que um “Por favor” ou “Obrigado” palavrões e xingamentos já faziam parte do nosso convívio familiar, a palavra “Eu te amo” não lembro de nunca ter ouvido entre nos.

Sisudo, rude e violento por varias vezes meu pai chegava embriagado em casa e por muito pouco ou sem motivo batia em alguns de nós e até minha mãe era vitima de suas agressões.

Infiel no casamento e muito ausente, quando estava com a gente em família não tinha muito diálogo e o respeito era imposto sempre.

Não tenho duvida que a distância, insensibilidade, violência e falta de dedicação a família da parte de meu pai fez com que meus irmãos não se comportassem como irmãos normais.

Meu pai era um homem muito trabalhador e por isso vivíamos o sonho da casa própria mais tínhamos o pesadelo de não termos o próprio lar.

Muito dependente do álcool perdemos nosso pai para cirrose, doença que ataca o fígado, que morre aos 53 anos.

Pouco mais tarde perdemos também nossos irmãos para o crime, que pouco depois tiveram mortes brutais que abalou toda a nossa estrutura emocional. Imaginem a tristeza de minha mãe que já era viúva agora perde seus dois primeiros filhos também?

Fatos tristes que nunca sairá da minha lembrança, danos que nunca serão reparados. Poderia ser diferente, mais não foi o caso.

Parei para refletir em um caso que me chamou a atenção que ensina muito no tocante a família.

É o caso da família de Adão, a primeira família da historia.

Expulso de sua moradia eterna Adão tenta recomeçar construindo sua família fora do jardim com Eva.

Chega o primeiro filho do casal Caim, que significa adquirido de Deus.

Logo depois Eva fica gravida novamente e da a luz ao seu segundo filho Abel, que significa sopro ou hálito.

Mais tarde vemos que ambos aprenderam profissões, talvez o que o pai fazia, Caim foi lavrador e Abel pastor de ovelhas.

Aprenderam também a adorar a Deus através do sacrifício, mais não é sobre isso que quero falar, o que me chamou a atenção na historia dessa primeira família é o fracasso na vida familiar.

Talvez o relacionamento afetivo dos pais para com os filhos não era do melhores, e que também não vemos afetividade entre os irmãos, pelo menos do mais velho para com o mais novo.

Dentro da minha casa eu não via esse afeto e comunhão dos meus dois irmãos e nem entre as minhas irmãs.

As conversas eram geralmente em volume alto, fora de tom e sem harmonia. Uma grande família com grandes problemas!

Não posso afirmar que na família de Adão tinha falta de amor de um para com o outro, mais percebo uma sutil falta de comunicação a começar dos pais no jardim, não vejo um se quer diálogo dos dois no Éden, Adão falava com Deus toda tarde, Eva falava com a serpente longe do marido, mais ambos não se falava, e agora fora do jardim e em família também não vejo diálogos do casal e nem dos filhos. Talvez não se falasse mesmo ou se falavam muito pouco.

Tá aí, o inicio de um grande problema de muitas famílias e casais, falta de comunicação e dedicação familiar.

Percebo em nosso século que as tradições familiares estão se degradando a cada dia, “Valores perdem o seu valor por muito pouco” diz o poeta. Isso é fato!

A tecnologia e a busca incansável de todos um por espaço no mercado de trabalho ou por suas vidas independentes, vai distanciando todos de todo tipo de relacionamento humano, e isso chegou até as famílias. Celulares e internet possibilita muito a comunicação mais afasta do relacionamento e comunhão.

A ira invejosa de Caim fez com que ele cometesse o primeiro homicídio da historia humana e ainda familiar, mesmo Deus tentando ajuda-lo com algumas perguntas sem respostas, mesmo assim decide matar seu irmão mais novo.

Distante do conselho de Deus e distante dos pais Caim comete tão terrível ato.

É sempre longe do Pai que cometemos nossos maiores e terríveis erros.

 O temperamento de Caim deveria ser a flor da pele.

Uma pessoa levada pela emoção é capaz de cometer coisas absurdas, até mesmo ser um homicida ou suicida.

As vezes as emoções vão muito além das razões!

Vejo também uma injustiça terrível contra um justo de Deus. E Deus assim permitiu.

A voz do sangue de Abel sobe para o céu clamando por justiça, a voz do sangue de Jesus desce para a terra clamando por misericórdia.

Injustiças, adversidades e até mortes vieram e sempre virão na vida do justo e do injusto, no de Deus ou não.

Entendo que até o diabo é um diabo de Deus, ele só faz aquilo que Deus permite. E se Deus permite algo acontecer de ruim com os justos não cabe a nós questionar por que, a grande questão é, de que lado vou estar quando e se acontecer algo de ruim comigo? Um exemplo clássico e Jó.

O mesmo peso que Deus colocou em Adão quando desobedeceu no Éden, que a terra seria maldita por causa dele, coloca a maldição agora em Caim. Sem a presença de Deus, um maldito marcado, andando numa terra maldita. Sem duvidas sua descendência não foi das melhores para com Deus.

Vejo aqui uma família com sérios problemas, sem jardim, sem a presença de Deus todas as tardes, sem a imortalidade, e agora sem os filhos.

Temos vários outros exemplos de pais que perdem seus filhos, além de Adão, Arão, também o profeta Eli, o rei Davi, o rei Salomão, e outros com exceção do pai do filho pródigo que não perde nenhum de seus filhos. Pai sábio e dedicado.

Com certeza minha mãe teve o mesmo sentimento que Eva quando perdeu seus dois filhos e marido.

Família sem duvida é um dos maiores presentes que Deus deu para o ser humano, o que estamos fazendo com um presente que nem mesmo merecíamos?

Fico imaginando no céu, o Pai, o Filho, o Espirito Santo e todos os anjos na glória em família, creio que Deus já avia planejado o mesmo para o ser humano aqui na terra e o modelo exato para tal projeto é a sua própria casa.

Hoje, casado e pai do Nathan e da Esther, farei de tudo para que um pedacinho do céu seja a minha casa, ou melhor, o meu lar!

Buscarei o bom Pai constantemente para ser um bom chefe de família, por que Deus é um Deus familiar.

Cacau Siqueira